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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Poderia ter sido diferente

Desejamos o imediato e não projetamos o futuro...




Arrependimento dói, consome, é quase um obsessor inconsciente do oculto de nossa mente dependente, carente.

Às vezes, até, deprimente. Mas o fato não é que eu tenha remorso de algo que tenha feito, pelo contrário.

Sinto-me mal em não ter feito, em ter sido omisso ou covarde, em não querer magoar alguém e sofrer as conseqüências sozinho.

A vida poderia ser diferente, poderia ter outros rumos se não fosse a nossa falta de comprometimento, de caráter, de hombridade em dizer a verdade, em deixar o orgulho de lado, e ao menos tentar, ser leal consigo mesmo.

Quem sabe assim as conseqüências fossem diferentes... mas é só uma especulação.

Quantas vezes, por termos deixado de fazer algo, ocasionamos um trauma em alguém ou, pior, ficamos a nos lamuriar o resto da vida pela frase não dita, pelo revide que não teria que ter acontecido, pela palavra proferida num momento de fúria, pela blasfêmia num momento inoportuno? Quantas vezes?...

Peixe morre pela boca... ou pela falta de saber usá-la.

Falamos demais, dizemos sem pensar, pouco nos importamos com os outros e não respeitamos a nossa própria consciência.

Desejamos o imediato e não projetamos o futuro.

Na verdade, protelamos nossos problemas, empurramos com a barriga nossas dívidas morais e, raras vezes, fazemos um exame de consciência no final do dia.

Temos medo de nós mesmos, do que somos capazes de fazer num momento de ira, num momento de angústia.

Surtamos várias vezes no decorrer do dia, deixamos nossa mente viajar e vivemos na abstração de sonhos, pois temos medo do realizar, do inovar e de, declaradamente, arriscar ou, quem sabe, perder e errar.

Inclusive, lidar com a adversidade requer um pouco mais do que só cérebro.

É necessário sensibilidade, responsabilidade, maturidade, palavras que conhecemos só no dicionário, mas muito pouco em nossa vida.

Optamos pela comodidade, pelo simples fato de nos calar e deixar a poeira baixar, sendo, simplesmente, marionetes de quem usa um pouco mais da arte persuasiva.

Pecamos pela falta de improviso.

Vivemos de grandiosos clichês moralistas, chatos, que repetimos automaticamente no decorrer do dia, mas que não têm efeito nenhum no cotidiano.

Repetimos ao léu, acreditamos num nada, no oco.

Generalizamos demais, pensamos de menos.

Buscamos a qualquer custo aumentar nossas posses, fazer nosso nome, elevar nosso status, mas estamos nos lixando para o nosso "eu".

Pouco nos importamos em fazer a tão falada diferença. Acabamos nos esquecendo de nossa índole, de nossos valores, chegando a perder nossa identidade, nossa personalidade por nos anularmos.

Pois é, assim levamos nossa vida, achando que não dá pra fazer mais, que não dá pra corrigir um erro.

Mas ainda há tempo de recuperar o que foi perdido, a amizade perdida, a frase entalada na garganta e o amor guardado, enclausurado num coração que ainda bate as mesmas emoções e desejos.

Covardia a nossa de nos martirizar desse jeito.

Quantos de nós não sente aquele aperto no coração por não ter dito determinada coisa à amada sabendo, tempos depois, que "aquela palavrinha" faria uma tremenda diferença na ocasião?

Quantos, e não poucos, de nós? Quantos, ainda, não queriam voltar no tempo e dizer, serenando na chuva, na garoa à capela, todas as canções de redenção?

Quem não queria... quem não queria voltar e sentir o arrepio na espinha, o frio na barriga e o salivar da língua ao tocar a mão da amada? Quem, me diga!, quem?!

Mas, já está tudo escrito, tudo feito, dito e redito. E você que me lê aí agora poderia, assim como muitos, ter falado e se calou; escutado, mas fugiu; feito ao invés de esperar; amado ao se iludir.

Mas, foram essas as nossas escolhas.

Ronnie Vitorino

fonte: http://pemiliocarlos.blogspot.com/2010/11/poderia-ter-sido-diferente.html

Um comentário:

Anônimo disse...

Adorei o texto. Faz refletir sobre coisas importantes que deverão se agregar à minha vida no ano que vem chegando. As imagens do post são sublimes!

Um ótimo domingo para você!